sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Relatos de uma madrugada atormentadora.

Já era muito tarde, a mente já se encontrava cansada, me achava incapaz de poder pensar em qualquer coisa aquela altura. Mas, curiosamente, eu sentia um cheiro diferente, um pouco doce, era bom. O cheiro apareceu meio que do nada, cheguei até a me levantar pra ver de onde vinha, mas não vinha de lugar nenhum, ou talvez viesse de todo os lugares. Cheguei a conclusão de que o cheiro só existia pra mim, devia ser coisa que minha cabeça acabara de inventar, mais uma peça pregada por mim mesmo. Já com a mente esgotada e com os ponteiros do relógio apontando tão poucas horas, eu me via meio propensa a criar tais ilusões. Deixei pra lá, fui me deitar de novo, afinal, é até melhor dormir com esse cheiro doce. Mas agora eu podia até sentir a presença de alguém, mas nada que me desse medo, era uma presença meio estranha, insanamente desejada por mim. Olhei prum ponto vazio e disse: ”Olá, você de novo, veio me torturar, meu amor? Depois dei um sorrisinho pra mim mesmo, talvez fosse loucura minha, falando sozinha. Pensei em ignorar até aquela presença e tentar dormir de novo, mas era quase impossível. Minha cabeça parecia estar a mil, fervilhando. Tantas lembranças começavam a rodar na minha cabeça, como um filme. Claro que na minha mente rodavam cenas que não aconteceram de verdade.Eu mesmo as inventei, era confortante. Sempre gostei desse mundo ilusionista que eu criava. Por mais que isso fosse atormentador, eu até gostava, me fazia bem de alguma forma. Eu já ficava meia sonolenta, ou não, espera, eu não sei o que estava acontecendo essa hora. Acho que essas lembranças todas me relaxaram tanto que acabei ficando meia grogue. Não era sono, ele já havia indo embora faz tempo, era algo diferente. Eu tava até sonhando acordada. Me peguei até sorrindo pro travesseiro, de olho aberto, devia estar com a cara mais abobada do mundo. E ainda por cima, de repente, comecei a planejar aqueles diálogos idiotas que eu faria contigo no dia seguinte. Faria nada, não conseguia. Meu momento de loucura piorava quando agora eu imaginava um futuro pra nós dois. Meu amor… Aquela ilha deserta que criei pra nós era maravilhosa, não? E aquela casinha de madeira que construí para nós? Será que nossos filhos serão mesmo tão bonitos quanto eu imaginava? Diz, meu amor, vai dizer que não sabe? Duvido que não saiba, estava aqui, tem de saber. Não minta pra mim, posso saber quando está mentindo, achas que não te conheço? Ah, não quer contar não conta. Depois de mais uma dose de loucura a noite parecia passar tão rápido… Até que dormi, de verdade. Peço desculpas, meu amor, por pular tão rápido essa parte, mas é que realmente nunca lembro essa parte antes de realmente pegar no sono, e não queria inventar nada, queria tudo o mais real possível. Os sonhos eram incríveis, a parte da madrugada que eu mais gostava. Eu podia fantasiar mais neles, como se a produção fosse melhor. Podia criar um mundo só para nós dois, um mundo perfeito. Nos sonhos eu podia te ver, até te tocar eu podia. Minha criatividade parecia ter mais espaço quando minha mente adormecia. Se paro pra contar sobre meus sonhos ninguém acredita, tamanha imaginação era surpreendente. É uma pena que ao acordar eu não lembrasse de muita coisa. Já que mencionei algo sobre acordar, deixa eu te contar uma coisa, meu amor. Acordar era a pior parte, sem dúvidas. A decepção que eu sentia quando acordava parecia me destruir por dentro. Tudo parecia tão real, acordar e ver acama vazia doutro lado era ridículo. Me sentia um lixo, me sentia meio vazia, até. Confesso que sou meio fraca quando se tratam de decepções, crio expectativas tão facilmente, acho que por isso me atingem com mais força, vai saber. O resto do dia não era muito diferente da madrugada. Meu corpo presente, mas o resto parecia estar viajando, sei lá por onde. Tudo que fazia antes de dormir eu repetia e fazia de novo… Era mais estranho, todo mundo me via com aquela cara idiota. Eu parecia estar em vénus, num estado de transe. Na verdade eu parecia estar dormindo, de olhos abertos, com um sorrisinho meio irônico no rosto.

Eu sempre gostei do pôr do sol primaveril.

Talvez porque a fragrância das flores pareçam grudar em meus pulmões e trazer-me um certo ar tranquilo, e tranquilidade seja tudo o que minha cabeça atordoada mais cobiça. Talvez porque quando as flores desabrocham e seus botões se transformam, eu sinta em mim uma mudança sutil, mas não pouco importante. Talvez porque eu ainda guarde a lembrança de você chegando de mansinho, tão tênue, tão ligeiro, pousando um buquê de lírios sobre meu protótipo de mesinha de cabeceira e roçando seus dedos nas minhas têmporas com um carinho inumano, quase infantil. Talvez porque a coroa de princesa que eu sempre quis usar na cabeça se assemelhe - delgadamente, é claro - à corola das flores que na primavera se tornam rainhas. Talvez porque eu tenha vivido uma história bonita de se ler (quem sabe num passado esquecido pela força do tempo ou deixado para trás para ser esquecido propositalmente) e nela eu tenha ganhado uma rosa branca, conservado-a com todo amor e carinho numa bisnaga descendente do tempo da vovó e assistido, cabisbaixa, ao seu desfalecimento natural. Talvez porque o amarelo das margaridas combine com o sol, ao mesmo tempo que as rosas bege fazem um contraste singular, cheio de si. Talvez porque eu veja nas flores uma beleza natural, essencial, às vezes imperfeita, e admire cada uma das pétalas; as tortas, as derrubadas pelo vento, as arrancadas pelas meninas com coração partido e as deixadas como prêmio de um bem-me-quer inocente. Talvez porque eu seja feita de metonímias e falar de flores supra um vazio pesado quase depressivo que carrego sobre as costas. Talvez poque o sol pareça mais ameno e deleitoso nessa estação, e seus raios luminosos sejam, compreensivelmente, mais gostosos de se embolsar - não que à alguém pertença o direito de guardá-los só para si. Talvez porque eu e as flores tenhamos muitas coisas em comum; não usamos maquiagem, gostamos quando o vento balançam nossos cabelos (ou pétalas, ou pecíolos, depende), somos anti-charlatões e temos uma beleza interior que só poeta dedicado consegue auferir, e saber que não sou a única espécime diferente no mundo traz-me certo conforto, até mesmo um vigor genuíno. Talvez porque a solidão dilacerante tenha-me feito agarrar qualquer vestígio de compaixão, beleza, cumplicidade, e nas flores que nascem e morrem com a primavera eu veja isso. Talvez porque o pôr do sol signifique que todas as coisas, por mais esplêndidas e nobres que sejam, se esvaem e cedem seu lugar de rei para a quem o direito trajar. Talvez porque haja em mim, escondido em algum beco sem saída, o desejo de ser admirada, pintada, filosofada, transformada em obra de arte da mesma forma que faço com as tão queridas flores. Talvez porque, assim como elas, eu almeje alcançar o ápice das árvores e depois cair por terra, orgulhosa que só, satisfeita e pronta para transformar-me em uma simplória marca na terra…
Ainda não cedi ao talvez, tampouco vejo sinal de certeza. Mas uma coisa afirmo: eu sempre gostei e continuo gostando do pôr do sol primaveril

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Mas tá acontecendo tudo de novo, as memórias estão se confortando na minha mente. Tá doendo, tá doendo pra caralho. Estou lembrando de todo aquele tempo atrás, em que nós dois éramos diferentes… eu era mais forte do que agora, com certeza. Você era outro, completamente outro. Você costumava dizer que eu te fazia sorrir, que eu te fazia bem. E você costumava me fazer bem também… Muito bem até. Por que eu me lembro de tudo? Por que eu sinto falta daquele tempo? Por que ainda machuca? Por que eu não esqueci? Por que eu tava quase me certificando de que havia passado? Por que isso não pode ficar no pretérito, apenas? Por que vai começar a me confundir, me enlouquecer? Por que eu não consigo superar, igual você fez? Por que ainda dói te ver com outra? É… tome as minhas lágrimas de presente. Por um instante, parece que eram a única coisa que você desejaria ter.
Ela arrumou o cabelo, olhou para baixo e deu um sorriso bem pequeno. Ela começou a lembrar de como tudo iniciou.. Ele a fazia feliz, desde sempre. Ela passou a sentir tanta vontade de abraçá-lo. Ela não queria ser invisível para ele. Com o tempo, ela passou a dizer do quanto precisava dele e do quando queria vê-lo sorrir. Ele foi o cara que conseguiu salvar a tua vida e tirar as suas dores sem nem ter que fazer esforço. Ele a fazia sentir como se estivesse vivendo os únicos momentos que iriam existir e por isso valia à pena. Com o tempo, as coisas mudaram. Ela já tinha certificado-se que era a bobinha que sempre iria contar com ele. E ele francamente se importava bem menos. Ela lembrou de todas as vezes que leu coisas à seu respeito e chorou, enquanto ele nem sentia culpa por isso. Certa vez, ela percebeu que amava ele. Só que amor é um sentimento muito forte… Portanto era mais que isso. Era tudo o que ele conseguia lhe causar. Ela só queria que as coisas fossem como antes… Porque ela ainda tem tantos planos sobre os dois. Ela não tinha muita certeza das coisas. Mas ela o queria. Queria muito. Queria viver do seu lado para sempre.

quinta-feira, 19 de maio de 2011


ausência, essa é a palavra certa.
eu nunca pensei que um dia iria sentir tanta falta de uma pessoa assim como eu sinto de você.
Era meu porto seguro durante anos e anos , meu ponto de fuga .. mais agora, parar e ver que não está mais aqui comigo , lembra da promessa que um dia me fez?
nunca te deixarei minha filha!
e aonde você está vovô??
sinto falta daquele sorriso quando eu chegava de viajem da casa do meu pai..
sinto falta de você na hora do café da manhã que você passava manteiga no meu pãozinho , das noites em que eu tinha medo e você me deixava durmi junto com você e com a vovó..
de quando eu resolvi morar com vocês, lembro que me recebeu de braços abertos, com um sorriso enorme.. Pai isso sim, lembro das festinhas do dia dos pais da escola. e lá estava você!
Fez o papel mais importante da minha vida , sabe vovô .. eu queria que você estivesse aqui comigo , ara que eu pudesse compartilhar com você essas vitórias que eu tenho alcançado .. eu
acredito que hoje eu sou ou o que sou , pq você me ensinou muito .. lembro de quando eu sentava no seu colo na poltrona da sala e vc lia os livros até que eu pegasse no sono , tudo isso vai ficar na minha memória , quero passar tudo oq me ensinou para meus filhos , netos e etc..
Vô quero dizer que mesmo estando junto com os anjinhos e com o papai do céu você continua vivo dentro de mim , e sei que está vendo e rezando por mim.
Eu te amo muito , e sei que quando olhar para o céu vou ver você!
pq você e dizia que quando vc fosse embora morar com o papai do céu , vc seria a estrela mais brilhante, e vou avisando mocinho, nada de ficar brilhando pra todo mundo , tenho ciumes viu.
e vovô pode ficar tranquilo que dá vovó eu to cuidando muito bem , mesmo ela estando longe eu faço o possivel para cuidar dela,e sei que ela sente sua falta tanto quanto eu..
Só queria um imail seu , queria saber como você está... mais acho que a conexão ai é péssima ..
fala para o Papai do céu da uma melhorada , pega um speed ai!!! rs'
eu te amo muuuuuuuuuuito , Nelson Rubens <3

domingo, 27 de março de 2011



Tem gente que passa a vida toda lutando contra alguma coisa. Uns lutam contra a balança, outros contra a morte, alguns (doidos!) lutam contra o amor. Eu decidi não lutar mais contra aquilo que não posso mudar. Certas coisas a gente precisa aceitar sem bater o pé ou fazer cara feia. Preciso entender que sempre vou sentir diferente dos outros. Tenho uma intensidade que vive desajustada dentro de mim. E tenho que compreender que vez ou outra isso vai me doer e me deixar com as emoções entaladas na garganta. Não adianta querer cuspir, tomar água, forçar o vômito. Não sai. Fica lá, entalado, parado feito estátua. Dá uma azia louca, uma vontade de gritar bem alto, fazer passar, mas não adianta. Hoje, resolvi abrir os braços e aceitar o que a vida me deu. Não posso mudar e querer ser outra pessoa, eu sou essa. E ponto. Eu sou essa. E pronto.

A vida, meu Deus, é tão simples. A gente precisa viver o hoje com toda a força do mundo, pois o amanhã é uma interrogação. E se o mundo termina e se a gente termina e se tudo termina? Todos se preocupam em acumular coisas ao invés de viver essas coisas. E isso é triste demais. Ando um pouco descrente. Não posso evitar, é mais forte que eu. Cadê o companheirismo, a amizade, o amor, a fidelidade, a lealdade, a camaradagem? Cada um cuida de si, cada um sabe de si, ninguém é capaz de esticar a mão, esperar o pedestre passar, dar bom dia, segurar a porta do elevador. Cadê a educação? Em tempos de eleições, candidatos se fazem de coitados, falam mal uns dos outros, prometem aumentar o salário mínimo, oferecer condições melhores de saúde, segurança e educação. Burros, não entendem que o foco de tudo é não-faça-com-o-outro-o-que-você-não-quer-que-façam-com-você. Isso devia ser disciplina obrigatória na escola. Quem sabe assim o mundo seria um lugar melhor para a gente viver.